
NOITE DE OBTESTAÇÃO
A noite fria, desdentada, tétrica, arrasta-se no meu pensamento envolto no silêncio da escuridão.
Sons soltos, aberrantes,ásperos, sem métrica ou rima, ouvem-se, aqui, ali...mais além, amarfanhados numa melodia de dor e sofrimento.
Corpos contorcidos na dança da amargura e do desespero.
Suas almas, meninas jovens, ainda de tenra idade, giram, suspensas no ar, quem sabe se aguardando o sinal de partida para o seu paraíso celeste, já que corpo frio e sofrido se encontram ausentes...
E essa dança austera e carrancuda, quase quimera, avoluma-se e aperfeiçoa-se quanto mais a dor e o sofrimento se entrelaçam num gozo rafeiro...
A vida e a sua ausência trocam seus olhares comprometedores, tendo como fundo de cena, sorrisos desventrados e isentos de calor e beleza.
A vida corre, corre, corre...avança como rio a caminho do oceano agitado e desconhecido, para nele depositar suas águas, sua identidade, sua razão de existir....
A vida, é assim, um fogo cruzado de alegrias e tristezas, de satisfações e dissabores e de amor e ódio caldeados naquele singelo recipiente da nossa curta existência que nos irá transformar , no nosso produto final, em nada, simplesmente em nada...
Somos, sim, pavões de alta linhagem a que chamaremos seres humanos que, de humanos já muito pouco temos.
Nas suas mentes transviadas, decadentes nossos leaders, esses mentores, fazedores dum inferno na Terra, esses seres obtusos tudo irão fazer para descobrir e materalizar todos os produtos que, lenta e progressivamente, irão destruir a raça humana bem como a Natureza que lhes foi emprestada, temporariamente, para supostamente viverem em harmonia e paz com todos os seres por Deus criados.
Pobres ilusionistas, criadores de fantasias, lunáticos predadores, sonhadores aberrantes cujas descobertas voláteis serão, com o decorrer dos tempos, destruidas e levadas pelo vento.
Abençoados sejam os bons, os puros do coração, cuja razão e inteligência, iluminada pela mão do Criador, servirão de altar onde irá crescer o verde, a luz, a bondade e o respeito pela Natureza e o amor e felicidade dos povos, das suas gentes, já tão esquecidos e sofridos por esse mundo além, tais areias soltas ao vento lançadas...
Hospital de Cascais, 24JAN2012
PROSA
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