
MÃE...Quantos sorrisos não vi desabrochar nos teus olhinhos!...
No teu rosto delicado, nas tuas faces tudo era paz, harmonia e felicidade, aparência equilibrada que fazias transparecer para o exterior, no sentido de colmatar as privações que na tua vida diariamente surgiam...Eras uma pobre senhora, mas rica de amor, sentimentos e sensibilidade natural.
Hoje adulto, um pensante crónico e austero, tudo faço para me anichar, em sonhos meus, no teu mundo sagrado, no divino calor da tua imagem, para poder usufruir ou reviver todos os momentos belos e sublimes que soubemos partilhar na curta vida que passamos em comum, quem sabe se muitas vezes encobrindo alguma dor, muito sofrimento e vontade de partires...Quem sabe!...
Como me apetecia hoje pode gatinhar entre as lágrimas que choraste de alegria, no momento em que de teu corpo me separaram, naquele momento em que, nos teus bracinhos de veludo, te depositaram a carne da tua carne, a vida da tua vida...
Quantas lágrimas não correram do teu rosto quando me beijaste pela primeira vez, quando me deste o alimento que me deixaste retirar dos teus seios para não me deixares definhar ou secar neste caminho sinuoso em que fui lançado...
Tudo isto o fizeste com total entrega esquecendo as dores que ainda tinhas pelo esforço a que te tiveste de sujeitar para me dares o privilégio de ver um mundo diferente daquele donde tinha vindo momentos antes.
E, assim, me alimentaste e protegeste por longos e variados meses, até começar a gatinhar, a tentar-me enquadrar num mundo novo. Os teus cuidados, ao entrar nesta nova fase, desdobram-se face às minhas traquinices e rebeldias continuas, próprias dum ser daquela idade. No entanto quantas lágrimas não te fiz rolar pelo rosto face à minha total incoerência ao longo dos anos?...Certamente muitas, mas mesmo muitas...Perdoa-me!...
Essas lágrimas que te fiz verter constituem hoje o pilar da minha vida, já que as mantenho guardadas no meu consciente para, quando precisar, me abrirem o caminho para poder trilhar com segurança, justiça e amor.
Sei que, na devida altura, me perdoaste todas as diabruras e todas as leviandades.
Sei que, com tuas lágrimas desbravaste e limpaste o caminho que hoje trilho, para me tornar um cidadão digno, fiel ao teu imaculado exemplo, ao teu amor e aos ensinamentos que superiormente me deste, ao longo da tua tão cheia, mas tão curta vida.
Sei que Deus te chamou mais cedo porque teu filho te abandonou quando mais tu precisavas da sua presença e companhia, partindo para uma Angola, para ti, nessa altura, algo distante e sem significado...
Hoje, embora estejas lá muito longe, para lá do Além, sabes bem que sempre te amei e amo, que te tenho muito presente, fechada no meu coração, já que continuas a ser ainda parte do meu ser, da minha carne que me arrebataram.
Jamais te esquecerei...Jamais sairás do meu pensamento porque continuo a ter bem viva a tua imagem junto de mim, bem cravada no coração. Só espero que um dia, minha alma do meu corpo libertada, te venha a encontrar num lugar divino e encantador, onde só o amor e a paz reinem. É este o meu sonho augusto de eterna paixão por ti Conceição Filipe...
Zé Roque
1 comentário:
Ternura e poesia é o que a tua prosa diz e faz...
Ternura de uma mãe e para uma mãe que te deu a vida e te fez um homem, Homem como és e te conheço desde tempos imemoriais...
Acredita que ela leu o que escreveste e espera por ti, já nem falta muito para todos nos reunirmos lá mais pertinho do Pai...
Um beijinho meu querido P. da Rosa, meu amigo meu amor, amor que já vem dos meus tempos de menina, de te conhecer já colega do meu pai, mais tarde fomos todos morar em Pretória, e ali continuamos a ver-nos de longe a longe, agora encontramo-nos por aqui através da querida Dadinha, ah que bem me soube ler que eras tu o P. da Rosa que conheci, e o mundo tornou-se pequenino naquele dia.
beijinho a todos da vossa laura.
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