sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

VIDA SOFRIDA

Minha vida rasgada, fraccionada,
Devastada na grandeza da escuridão,
Desgastada pelo silêncio da noite,
Avançava em doce amargura
Num mundo de angústia e solidão,
Onde um alguém, não é ninguém,
Por ausência de amor e ternura.

Minha vida retalhada, conspurcada,
Envolta nos braços frios dum João Sem,
Lançada e ofuscada no regaço da dor,
Lastimava-se puro refém,
Inundada de um traiçoeiro pavor,
Partilhando vida sem luz, angustiada,
Acarinhada num enriçado temor.

Minha vida tresmalhada, desmembrada,
Rolando entre nuvens tenebrosas
Jamais atingirá a eminência
De me transformar em figura humilhada
Pois do meu peito sairão rosas
Que estimularão minha consciência
No traçado de linhas mais venturosas.

E, esta vida amalgamada,
Rotulada de perdida,
Ao meu Deus irei entregar,
Aquela imagem adorada,
Que transforma nossa vida
Em nova realidade a gerar,
Uma criança mais divina e abençoada.

ZÉ ROQUE

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